Vanguardeando Blog

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Reunião da Comissão de Organização do XXVII ENEFIL 2011


Galera!
Vamos bater um papo bacana e ajeitarmos os detalhes finais do encontro. E aproveitar para beber umas cervejinhas e contar "causos", rsrs!
Chegue mais!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

audiogramas: De Facto - How Do You Dub? You Fight for Dub, You ...

audiogramas: De Facto - How Do You Dub? You Fight for Dub, You ...: "DOWNLOAD Esse post é uma colaboração do Bruno Amâncio, frequentador aqui do nosso blog. Em julho ele postou um comentário pedindo um disco ..."

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Dia mundial da Filosofia - UFRJ 2010


Programação 2010

Dia Mundial da Filosofia 2010


A 3ª edição do projeto, que retorna este ano ao IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais), busca fomentar o debate acerca da popularização da Filosofia. Acreditando que o saber filosófico possa se configurar num importante suporte para pensarmos nossa(s) realidade(s), a popularização da Filosofia pode representar um horizonte novo à superação dos desafios atuais?
Buscando responder esta e outras perguntas, a equipe do projeto convidou filósofos, artistas, professores, pessoas cuja experiência diária busca transpor os limites entre Filosofia e prática, a uma tarde de debates na UFRJ.
Seja na universidade, no teatro, na literatura, nas políticas culturais ou nas salas de aula, como favorecer bons encontros com o pensamento filosófico? 



Venha participar conosco deste encontro-ação em filosofia!


Programação


15h – Exibição do vídeo Des-encontros 
Produzido em parceria com a ONG World Film Collective, o vídeo, gravado em aparelhos celulares e editado em software livre, é uma forma de experimentar a difusão da filosofia de forma inusitada. Antes de ser um vídeo sobre Filosofia é uma forma de retratar encontros com ela.
Os jovens participantes do vídeo são formados nas oficinas de cinema da WFC.

15h30 - Debates sobre o tema:



A popularização da Filosofia como agente de transformação da realidade.

>>> Crise de valores >> Acesso ao conhecimento>>Literatura>>>>
Mídias >>>>> Sala de aula>>>>>>>>>>Expressões artísticas>>>>>
>>>>>>>>>>>Produção de subjetividade e modos de vida>>>>>>>



Debatedores:


Gabriel Cid
Produtor cultural da Casa da Ciência da UFRJ. Organizador do livro "Ciência em foco: o olhar pelo cinema" (Garamond, 2008). Doutorando em Literatura Comparada pela UERJ, mestre em Literatura Portuguesa pela mesma instituição, bacharel e licenciado em Filosofia pela UFRJ. Atualmente também é professor substituto de Estética no Instituto de Artes da UERJ. Foi professor substituto de Filosofia do Colégio Pedro II. Atua na interface entre a filosofia e a arte. Tem como tema de pesquisa atual a relação entre os elementos filosóficos e literários na obra de António Mora, heterônimo louco e filósofo de Fernando Pessoa.


Márcio Costa
Bacharel e Especialista em Filosofia. Psicólogo, mestre e doutorando em Psicologia Social (UERJ). Professor de Filosofia na Universidade Cândido Mendes. Tem experiência como professor na área de Filosofia com ênfase em História da Filosofia e Epistemologia; na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia social e institucional e processos de subjetivação. Realiza pesquisas, ministra cursos e coordena grupos de estudo sobre a filosofia da diferença e suas relações com problemas da área de psicologia, trabalhando principalmente com os seguintes autores: Deleuze, Foucault, Spinoza, Bergson e Nietzsche.


Renato Nunes Bittencourt
Doutor em Filosofia pelo PPGF-UFRJ e Professor do Curso de Comunicação Social da Faculdade CCAA. Tem como especialidades a Filosofia Grega Antiga, Espinosa, Schopenhauer, Nietzsche e temas relacionados a teoria da comunicação e crítica da cultura pós-moderna através de Zygmunt Bauman, Gilles Lipovetsky e autores afins.


Vanessa Rocha
Produtora cultural formada pela UFF, onde também foi professora substituta de Planejamento Cultural. Mestranda em Comunicação e Cultura pela ECO/UFRJ sob a orientação de Paulo Vaz. Há 12 anos atua no campo das artes e da produção cultural como produtora, cantora e poeta. Publicou os livros Novelo, de poesias e conto, e Interculturalidades, em co-organização com Leonardo Guelman, coletânea de artigos e documentação do projeto homônimo de artes integradas que coordenou por quatro anos. É produtora cultural do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ e sócia da Mafuá Produções Culturais. Em 2008 foi bolsista do Ministério da Cultura da Espanha no curso Economía de la Cultura y Cooperación Internacional, voltado a gestores culturais da América Latina.


Gabriela Serfaty
Patrick Sampaio
Pesquisador trans-disciplinar com ênfase em coletividade, convívios, contra-informação e criação de espacialidades efêmeras. É idealizador do Brecha Coletivo, agrupamento poroso que desde 2006 desenvolve investigações em interferência urbana, movimento, audiovisual, teatro, música e produção de subjetividade. 


Acesso gratuito

Não é necessária inscrição para participação no evento.



Quando: 18 de novembro de 2010 (quinta-feira)


Onde: Sala 106 do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ)
Largo de São Francisco de Paula, nº1, Centro, Rio de Janeiro



Informações:
conrado@diamundialdafilosofia.com.br
djalma@diamundialdafilosofia.com.br
tiago@diamundialdafilosofia.com.br



fonte: http://www.diamundialdafilosofia.com.br/programa.php

sábado, 2 de outubro de 2010

Carta Aberta

Recentemente recebi um e-mail da Federação de Skateboard do Estado do Rio de Janeiro (FASERJ) assinado por seu atual Presidente. O e-mail me solicitava votos para determinados candidatos, segue minha resposta em carta aberta:

Estimado André Viana

Compreendi a sua intenção em tom de esclarecimento sobre a relevância que se faz o ato de votar e termos meios concretos de mantermos os interesses primordiais dos skatistas representados e defendidos.
Não obstante, cabe ressaltar o destaque cívico que você deu a orientar os skatistas na continuidade do exercício da sua cidadania, para votar nos representantes que de alguma forma tenham realmente meios de fazer o que se propõe principalmente no que concerne a prática do skate.
Admiro como sempre, admirei, “sinceramente”, sua intelectualidade e seu “visionismo” com relação ao skateboarding. Para isso, reconheci, a priori, sua experiência que foi construída ao longo da sua intrínseca relação com o todo do skate (praticantes, pistas, indústria, comércio e o Estado).
Ainda, creio na sua habilidade enquanto gestor para assuntos administrativos sendo estes da iniciativa pública ou privada.
Sou plenamente de acordo com o desenvolvimento de uma organização construída por skatistas através de uma entidade que venha fundamentar e concretizar suas metas e também seus sonhos.
Por um viés materialista histórico é entendível e aceitável, a superação organizacional que o skateboarding sofreu desde sua gênese. E também é reconhecível toda influência capitalista que o abarcou durante seu “desenvolvimento”.
Creio nas possibilidades construídas pelas entidades representativas, compostas por skatistas que pensam o skate para além das pistas de skate e do lucro (em forma de capital ou status quo) que obrigatoriamente tem que receber. Uma entidade que tenha meios de dialogar não só com os skatistas. Todavia, que dialoguem coerentemente com todos os setores que em nossa contemporaneidade se fazem presentes, e muitas vezes dentro da lógica do sistema capitalista, quase indissociável.
Porém, só não me é palatável e aceitável, quiçá por um princípio ético e não simplesmente moral, utilizar a FASERJ para fazer campanha política partidária. Mesmo que estatutariamente não seja impedida disto.
Acredito que com toda sua forte compleição intelectual e sua vasta visão de mundo progressista, há de ter fundamentação prática e teórica para tratar de temas como este utilizando um outro método.
Eu, Brunno Amâncio, enquanto skatista cidadão interpreto o método que se desvelou como jocoso e inapropriado.
A problemática que se revela, na minha análise, é um grave erro de método, que pode dar margens a uma interpretação que finda com a seguinte conclusão: é e foi um ato oportunista e panfletário.
O que se manifesta em evidência é o seu presidente apoiando tais candidatos, por meio da FASERJ.
E desta forma, acaba colaborando com os limitados e equivocados discursos vigentes, que denigrem a concepção sobre o que é política. E de contrabando, encerra com a dialética da sua intenção maior que é dar continuidade a um projeto de valorização do skate e do skatista enquanto atleta e cidadão realmente atuante, um sujeito ainda mais consciente e fundamentado sobre a relevância dos seus próprios pensamentos e ações.
Em tempo, creio nas múltiplas possibilidades que se tem hoje, não só em período eleitoral, para construir e realizar iniciativas que visem uma investigação sobre o processo de construção de identidade, sujeito e cidadania. Que numa análise filosófica pedagógica estão intrinsecamente relacionadas.
Não é cabível e aceitável hoje utilizar determinadas ferramentas e meios de comunicação e para divulgar uma questão menor como a candidatura. Sim, é válido não poupar esforços e trabalhos para uma questão maior. A saber, por exemplo, o que significa estar numa sociedade organizada como esta e como se sentir atuante nela como protagonista e não como mero coadjuvante.
Creio inequivocadamente que este erro primário e infantil, de atrelar a FASERJ a uma campanha político partidária, não há de se repetir. Ao menos por ignorância.
Brunno Amâncio Marcos (skatista)
Graduando em Filosofia pela Universidade Federal Fluminense (UFF)


Obs.: Eu tenho meus os candidatos e sou filiado a um partido político que trabalha na construção para a realização de um outro projeto de "sociedade". A saber, sou PSOL.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO: Ou Sublimes Momentos de Constrangimento


Numa sala que mais me lembrava uma área para recepção dos desabrigados das chuvas e demais calamidades públicas e do Estado. Com pessoas estranhamente tristes por não ser aquilo, exatamente o que queriam na vida, ou estranhamente alegres por ignorância do mal que está por vir, mas se faz presente. Estava havendo um processo de recrutamento para um emprego ou um trabalho de carteira assinada mal remunerado e mal valorizado, num contexto geral. Uma mulher ilegalmente loura, com roupas apertadas demais para sua compleição física, me fazendo lembrar as chacretes ou as dançarinas do Bolinha, mas numa versão caricata. Argüia os trabalhadores ali presentes e recolhia seus documentos. Ela me perguntou o que fazia na faculdade, o que respondi, não de pronto: - Estudo filosofia.
Ela exageradamente feliz, me diz: - Que loucura! E aí tem feito muita poesia?

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

BREVES REFLEXÕES


Não existem palavras para descrever o sentimento de consciência espiritual que recebemos quando andamos de skate. Por menos que se faça, ou seja, ajudar e ver alguém querendo andar de skate.

Às vezes, parece que existem tantas coisas erradas com o mundo, que poderíamos também nos esquecer de tentar mudar algo. A intolerância ou querer ser ignorante.
Afinal de contas, pensamos, o que eu posso fazer no mundo? Sou apenas uma pessoa, um skatista. Se nossas preocupações são tão amplas que desejamos a paz mundial, ou tão pessoais que simplesmente queremos que todos possam estar disponíveis a andar de skate. Ou que desejem se sentir feliz andando de skate. Suspiro, e penso como isso é uma coisa boa de acontecer. E será que sou capaz de transmitir que outras pessoas tenham vontade de andar, ou jamais serei capaz de fazer algo tão bom.
Surpreendentemente, a menor contribuição pode fazer a maior diferença. Ganhar mais da vida do que uma existência ordinária e penosa, talvez requeira muito pouco da nossa parte, como ser humano e como skatista.
Somos transformados pela profunda satisfação que experimentamos quando elevamos nosso estado de espírito. Quando sorrimos para uma pessoa carrancuda na pista de skate ou em qualquer lugar (muitas vezes dentro da nossa casa). Neste momento entramos no reino do extraordinário.
Quer mudar o mundo? Comece hoje com quem está ao seu lado e depois imagine um ato de bondade multiplicado. Uma pessoa de cada vez, cada um de nós faz a diferença.
Brunno Amâncio (Xuxa) skatista desde 1989, e ser humano desde sempre!

Texto escrito em 10/2006

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

ENEFIL RIO 2011: Apresentação do XXVII ENEFIL

ENEFIL RIO 2011: Apresentação do XXVII ENEFIL: "No XXVI Encontro Nacional de Estudantes de Filosofia, realizado em Janeiro de 2010, na cidade de Fortaleza/CE, estudantes de graduação em Fi..."

Festa até o Sol raiar! 17/09

sábado, 21 de agosto de 2010

O DIA EM QUE DORIVAL ENCAROU A GUARDA



fonte: http://www.casacinepoa.com.br/os-filmes/roteiros/o-dia-em-que-dorival-encarou-guarda-texto-final

O DIA EM QUE DORIVAL ENCAROU A GUARDA
TEXTO FINAL
Distribuição: Casa de Cinema de Porto Alegre
*******************************************************
DORIVAL: Ô Praça, vem cá. Aqui, ó.
DORIVAL: Ô Praça, seja camarada: me leva até o banheiro e me
deixa tomar um banho. Eu tou derretendo aqui dentro.
PRAÇA: Não pode.
DORIVAL: Não pode por quê? Eu não consigo dormir com esse calor.
PRAÇA: São ordens.
DORIVAL: Ô meu chapa, não custa nada. Faz dez dias que eu não
tomo banho. Eu tô sufocando. Num instante eu tomo uma ducha, não
custa nada.
PRAÇA: Não pode.
DORIVAL: Porra, mas isso é idéia fixa. Por que não pode, caralho?
PRAÇA: Ordens.
DORIVAL: E quem deu a ordem?
PRAÇA: O cabo.
DORIVAL: Então vai chamar o cabo que eu quero falar com ele.
PRAÇA: Chamo nada. Vai pro teu catre e fica quieto.
DORIVAL: Escuta aqui, ô catarina, barriga verde, barata
descascada, polaco comedor de sabão: Tu vai chamar esse cabo
porque senão eu vou começar a gritar, a berrar, e dar porrada
aqui dentro. Vou fazer um escândalo tão grande, mas tão grande,
que vou acordar o cabo, a mãe do cabo, e até o general dessa
bosta aqui. E não pensa que eu tô brincando não, catarina, porque
eu vou começar a fazer isso agora mesmo.
PRAÇA (V.O.): Cabo! Cabo!
CABO: Qualé?
PRAÇA: É o preso da cela quatro.
CABO: Qualé?
PRAÇA: Quer falar com o senhor, meu cabo.
CABO: Qualé, qualé, rapaz?
PRAÇA: Ele diz que vai armar um escândalo, que vai começar a
gritar. Aliás, já começou. E é um negão desse tamanho, parece o
King Kong.
CABO: Um negão desse tamanho... Porra, catarina, tu vem
interromper a minha leitura pra dizer que um negão desse tamanho,
numa cela trancada a chave, começou a gritar, rapaz?
PRAÇA: Mas cabo, eu não sabia se eu-
CABO: Tu não sabe de nada mesmo. Deixa que eu vou lá pra dar um
jeito no negão desse tamanho.
PRAÇA: Qualé, ô?
DORIVAL: Cabo, eu queria pedir licença pra tomar um banho. É
coisa rápida. Faz dez dias que não me deixam tomar banho. Mas
hoje tá insuportável, palavra.
CABO: Tu sabe onde tu tá, ô cara?
DORIVAL: Sei cabo, mas-
CABO: Senhor cabo!
DORIVAL: Senhor cabo. Acontece que eu-
CABO: Acontece que tu tá em cana, crioulo, e malandro que é
malandro chia mas não geme. Agora cala essa matraca e vai dormir.
DORIVAL: Mas cabo-
CABO: Senhor cabo, já disse!
DORIVAL: Cabo e merda pra mim é a mesma coisa.
DORIVAL: Viado. Tu não me engana com essa pinta, não. Teu negócio
é dar o rabo pros recruta. Eu aposto que quem te enraba é esse
catarina aí. Agora abre essa bosta que eu quero tomar banho.
CABO: Macaco não toma banho. E não me faça perder a paciência,
crioulo, senão eu abro essa jaula e te mostro com quantas bananas
se faz um piquenique.
DORIVAL: Então abre. Abre! Abre ô boneca de catarina!
CABO: Tu tá com sorte, negão. Só não abro essa josta aí porque
tenho ordens pra não abrir.
DORIVAL: Ordens? Que ordens?
CABO: Ordens, pomba!
DORIVAL: Ordens de quem?
CABO: Não interessa. Ordens são ordens.
DORIVAL: Tu é tão pé-de-chinelo que não sabe nem de quem recebe
ordens?
CABO: E tu é tão buro que não sabe que cabo recebe ordem de
sargento, ô?
DORIVAL: Então vai chamar o sargento.
CABO: Tu tá doido, crioulo!
DORIVAL: Olha aqui, ô boneca: Tu vai chamar esse sargento, porque
senão eu vou fazer um escândalo tão grande nessa merda que vão te
rebaixar pra recruta outra vez. E aí, babau, viu? Não vai ter
catarina interessado em comer rabo de recruta. Vai chamar o
sargento!
CABO: Tu vai entrar por um cano, crioulo...
ANA NEUSA: Benhê! Eu não tô te ouvindo direito.
SARGENTO: Não vai dar, eu tô de serviço a noite toda.
ANA NEUSA: Não vai dar? Mas tu não falou com o tenente?
SARGENTO: Não adianta, eu peguei serviço, são ordens.
ANA NEUSA: O quê? Mas o Ademar falou que tu já perdeu muito
ensaio. Ele vai ter que botar outro no surdo.
SARGENTO: (Puta merda!) Azar, amanhã eu acerto isso com o Ademar.
ANA NEUSA: O quê? O quê que tem o Ademar?
SARGENTO: Nada! Amanhã eu falo com ele.
ANA NEUSA: Benhê...
CABO: Dá licença, sargento?
SARGENTO: O quê, Ana Neusa?
ANA NEUSA: Nada. Um beijo.
SARGENTO: O quê, negrinha?
SARGENTO: Qual é o problema?
CABO: Sarja, o crioulo da cela quatro tá a fim de bagunçar o
coreto. Digo, desculpe, sarja, o preso da cela quatro.
SARGENTO: Que que ele quer?
CABO: Quer tomar banho.
SARGENTO: Não pode.
CABO: É, eu disse pra ele.
SARGENTO: Então? Assunto encerrado.
CABO: É, mas ele diz que vai armar um escândalo, começar a
gritar, né?
SARGENTO: A essa hora da noite?
CABO: É, o senhor vê.
SARGENTO: Mas tu disse que ele não pode tomar banho?
CABO: Disse, ele tem ordens pra não tomar banho.
SARGENTO: Ele não tem ordens pra não tomar banho. Existem ordens
para que ele não tome banho.
CABO: Pois é. Ordens são ordens, né?
SARGENTO: Ele ameaçou gritar?
CABO: Ameaçou.
PRAÇA: Ameaçou.
CABO: É um baita dum negão deste tamanho. Desculpe, sarja. Tem um
vozeirão que vou te contar, ô, se começar a gritar se ouve lá na
escola de samba.
SARGENTO: Não pode.
DORIVAL: Não pode por quê?
SARGENTO: Não pode porque são ordens.
DORIVAL: Mas ordens de quem, porra?
SARGENTO: Não interessa.
DORIVAL:  Ô, sargento... Será que não dá pra esquecer essas
ordens só por um minutinho? Eu tomo uma ducha num instante. Faz
dez dias que eu-
SARGENTO: Eu já disse que não pode. Chega de papo. Ordens são
ordens. Amanhã a gente fala nisso.
DORIVAL: Mas amanhã tem outro na guarda.
SARGENTO: Então, outro dia.
DORIVAL: Ah, tu tá é com medo!
SARGENTO: Vai dormir que isso passa, rapaz. Não procura sarna pra
se coçar. Meu lema é o seguinte:
DORIVAL: Tu não tem lema. Pau-mandado não tem lema.
SARGENTO: Olha aqui, rapaz. Devagar. Relaxa. Não tenho nada
contra ti, mas eu sou sargento aqui e posso muito bem-
DORIVAL: Sargento e merda pra mim é a mesma coisa.
RICK/SARGENTO: Olha crioulo que eu posso te dar um pau.
SAM/DORIVAL: Então vem!
RICK/SARGENTO: Eu sou um cara de paciência, moreno.
SAM/DORIVAL: Por que não me deixa tomar um banho?
RICK/SARGENTO: Não pode!
SAM/DORIVAL: Mas por quê?
RICK/SARGENTO: Já disse.
SAM/DORIVAL: E quem deu essa ordem?
RICK/SARGENTO: Não é da tua conta.
SAM/DORIVAL: Então eu vou começar a berrar aqui dentro.
RICK/SARGENTO: Berra pra tu ver.
TENENTE: Entra!
SARGENTO: Com licença, tenente?
TENENTE: O que há, sargento?
SARGENTO: Tem um preso fazendo confusão. Quer tomar banho.
TENENTE: A essa hora?
SARGENTO: É que ele não toma durante o dia.
TENENTE: Por quê?
SARGENTO: Ordens.
TENENTE: Ele tem ordens de não tomar banho só durante o dia?
SARGENTO: Não está especificado, tenente.
TENENTE: Acho que, se não pode de dia, também não pode de noite.
SARGENTO: Assim me parece, tenente.
TENENTE: Então está resolvido o caso.
SARGENTO: É que ele tá querendo confusão mesmo, tenente. Tá
ameaçando gritar e acordar todo o mundo e tal e coisa...
TENENTE: Mas quem é esse preso?
SARGENTO: O nome dele é Dorival.
DORIVAL: Me diz uma coisa, tenente, sinceramente: o senhor sabe
quem deu essa ordem?
TENENTE:  Vou te dar um conselho pro teu próprio bem, rapaz: vai
dormir. Tu tá nervoso. Amanhã isso passa.
DORIVAL: Se não diz é porque não sabe.
TENENTE: Amanhã eu converso com o capitão sobre o teu banho.
DORIVAL: Se não sabe quem deu a ordem e obedece, é um boneco. Não
é um homem, é um boneco.
TENENTE:  Me respeita, negro! Me respeita!
DORIVAL: Tenente e merda pra mim é mesma coisa.
TENENTE: Cafre miserável, eu vou te dar uma lição!
TENENTE: Alto, alto! Sargento...
SARGENTO: Sim, tenente.
TENENTE: Tem a chave dessa cela?
SARGENTO: Sim senhor, tenente.
TENENTE: Abra. Sargento!
SARGENTO: Tenente.
TENENTE: Espere um pouco. Traga reforços.
SARGENTO: Sim senhor, tenente. Quantos homens?
TENENTE: Bom... dois. Dois bastam.
DORIVAL: Tenente, quer saber quem deu a ordem?
DORIVAL: Foi o carcereiro. Porque não vai com a minha cara. Na
verdade, não existe ordem nenhuma. É só conferir pra ver. Vocês
são mesmo uns pau-mandado, heim? Ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah...
SARGENTO: Vamos dar uma lição neste insubordinado. Que ninguém
use arma de fogo sem receber voz de comando. É só umas porradas
pra ele aprender a respeitar a autoridade.
TENENTE: Muito bem. Abra.
SARGENTO: Tu tá fodido, negrão.
DORIVAL: Ah... Milico e merda pra mim é a mesma coisa!
TENENTE: Segurem esse cafre! Batam! Com força!
TENENTE: Limpem o sangue.