Só
Vivo só.
Tantas pessoas ao meu redor. Mas me sinto só. E sinto além da solidão, a dor.
Dor que dá tapas em minha face, que chega a arder.
Sinto meu corpo desejoso de um afago carinhoso.
Desejo muitíssimo ouvir palavras carinhosas destinadas somente a mim.
Quero ver novamente aquele olhar, que me chama para perto de quem me olha.
Olhar que me admira pelo o que eu sou.
Sim, sou só e triste.
Sorrio, gargalho, brinco e suponho até que sou feliz. Todavia, sou só e isso me coage e me faz chorar.
Meu choro é um pedido, uma súplica, de quem diz: Por favor, não me mate! Eu ainda quero viver!
Vivo só, e de tão só que vivo, acho que sou até invisível, sou como água, insípida, inodora e incolor. Sou um ser, só.
De tão só que sou, acho que não me ouvem. Minha voz é um som fraco e sem sentido. Minhas palavras são emaranhados de letras, que formam palavras que ninguém entende.
Sou só.
Sou só. E sendo somente só, só desejo assim não mais ser.
Desejo não estar, desejo até, não mais existir.
Se não existir é não ser. E não ser é não ser só. Então desejo não ser. Pois só, não hei de ser mais.
Meu amor se transformou em solidão?
Solidão é uma boca enorme cheia de dentes, presas afiadíssimas, que abocanham gradativamente um pedaço do que um dia foi o meu coração.
E isso dói.
Sou só.
Brunno Amâncio Marcos
(Mais um mês triste de 2009)
3 comentários:
Bem vivemos esses momentos de solidão. São frequentes, tristes, e, muito bem lembrado, manifestam-se até na presença, até na companhia...
Todavia, distinta da solidão é a solitude. Aquele instante onde o nosso eu se compraz consigo mesmo. E é esse o meu desejo, companheiro de devaneios, que a solitude seja o seu primeiro abraço.
Eis o mal do século (ditado pra o XX, mas é mais atual agora pra o XI !!!)
Puts! dificilmente se entra no ÂÂÂmago de um sentimento tão particular... dá até medo ...mas essa é a real de nós hj em dia!
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