Vanguardeando Blog

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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Max Pechstein - E não nos deixeis cair em tentação

Fica um gosto amargo na boca feito café forte
Não é uma desilusão é uma desconstrução
Por mais que dirijo impávido a caminho de uma tal felicidade
Mais me perco na minha contemporaneidade (muitas vezes bruta)

Acabo tendo serenidade que não sabia que tinha
Sou complacente com as feridas que me desfiro
Ouço palavras poucas que são beijos
E muitas outras que são tapas venenosos

Sigo em frente cego num tiroteio de sentimentos
Que só eu baleado digo, fui alvejado
Só eu estatelado digo, quero ser amado (mais e sem remorsos)
Só eu idiota, creio (ela vai me amar e sem remorsos)

Fica um gosto amargo na boca feito café forte
Um coito interrompido por uma razão demente que mente
Fico crendo que sentirei por mais que alguns volúveis segundos
Um vento que sopra na boca da alma outra

Acabo tendo a serenidade que nunca tive
A serenidade dos parvos o silêncio dos fracos
Fico sentado a calçada desejando que a mão se estenda
Mas só sinto a mão que me empurra pra longe (sem remorsos)

Sigo em frente falante, valente com minha ignorância
Que não me permite reconhecer que sou in-desejável, in-desejado
Sinto-me vazio, quando desejo tanto ser preenchido
Minhas forças voam com minhas palavras (sem remorsos)

Eu só quero um gesto sincero, um ato verdadeiro
De um tal amar, amor pleno (sem remorsos)
Que viesse determinada cristalizando o que pode existir de bom
Entre um homem e uma mulher

Mas fica um gosto amargo na boca feito café forte
O sabor das palavras não ditas e quiçá mal ditas
Fica a ausência de um abraço seguido do beijo
Beijo carinho pra alma (sem remorsos)

Minha tola serenidade uma patologia psicótica
Me faz prostar diante de um altar em frente a uma santa imaginária
Aguardando sua benção, sua boca, suas unhas, seus seios
Sua gozada felina (sem remorsos)

Brunno Amâncio – julho/2010


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