Caricaturas e verborragias ou Sobre o outro e seu objeto e suas manipulações.
Eu que amo a liberdade, mesmo que eu não venha saber, perfeitamente o que é o amor e tão pouco a liberdade, com o coração pleno de alegria, e paz no que suponho ser minha alma.
Digo, se eu sou o algoz motivador de sua infelicidade, se eu destruo a planície tranqüila, verdejante e os campos frutíferos de sua vida. Se, sou a grande entidade natural que cerceia sua liberdade de ir e vir, que lhe aprisiona numa prisão sem muros, ou lhe acastela dentro de casa como se fosse uma mulher que não sabe mais sonhar (ou que a única coisa que tem a fazer é sonhar, trepar, comer e cagar – e histericamente falar e falar). Se eu for encarnação viva do mal, que tudo desagrega desconstrói, mutila. E ainda, se o que venho fazendo é uma farsa grotesca, um simulacro do folhetim de romance. Se eu for a criatura disfarçada de homem que executo com assaz vigilância todo tipo de repressão em nome do “amor” (e com isso confundo ser humano, homem, mulher, sujeitos, com propriedade privada – cujo todos os derivados desta propriedade me são de direito: inquestionável, irrevogável, irrefutável, indissociável, INSEPARÁVEL.). E não menos importante, se não tenho poupado esforços para investir em você toda minha malévola artimanha, a qual manifesto de forma natural como o bem faz todo bom ator, e assim me esvaio em lágrimas e em diarréias. E cabe a minha atuação nesta peça escrita por Aristófanes e Eurípides, atentar repetidas vezes em tom de desespero (por falações e orações) contra minha vida, vida do outro e/ou a vida de qualquer um. E apelo do ápice do meu desespero psicodramático, para os santos, anjos e demônios, pois é preciso envidar com o que se tem e com o que se pensa ter, vale o uso do fantástico e do sobrenatural.
Nosso tempo é o pretérito mais que perfeito: “Já não te dei a minha vida, quisera te dar o mundo”; “Eu devera tê-lo matado quando tive chance.”
Reconheço neste breve instante de lucidez e silêncio divinal, que eu estou preso ao passado e te carrego aos empurrões e solavancos (gritos e berros) comigo.
Criei toda uma estrutura (que vão de fotos, fodas e uma casa/jaula) para um futuro por mais longínquo que seja, de controle permanente. Se eu não conseguir lhe controlar e segurar suas pernas, coração e mente, haja vista, que eu tenho “quem” faça por mim, tenho “quem” te ponha no lugar, insignificante, mas é “algum” lugar. Maravilhosamente intercederam por mim uma vez, e hão de fazer novamente, irão defender “nossa” propriedade (você, tu, ti, vós). Sou e estou tranqüilo, calmo, calado e às vezes ajo normalmente com meu ciúme, minha inveja (que as alimento por tanto e tanto tempo).
O meu amor por você quer que você seja minha bela “fêmea”, mulher também, aliás, mulher e fêmea não é a mesma “coisa”? Por que não? Bem, não sei o que me deu, não sou muito de falar e tão pouco te perguntar.
Sou o verbo mandar (um imperativo mais que categórico), disfarçado de verbo amar, mascarado de substantivo masculino: amor.
Penso, e neste breve instante de lucidez, ajo com o que ainda me resta de Homem (se eu for todo ou parte deste mal quase inumano), tenho que deixar você seguir seu rumo, ganhar seu mundo (ou ser devorada por ele), enfim, siga seu caminho seja ele qual for. Exerço a coragem, ou melhor a dignidade que a muito não pratico e te digo vai atrás, em frente e aos lados da sua felicidade. Vá ser feliz de verdade, ciente que viver é isto mesmo, um misto de bons e maus momentos. Porém, a cada bom momento estamos sempre nos regozijando para ir em frente, seguir a caminhada.
Siga o seu caminho e não se deixe ficar presa a mim. Seja por minha fraqueza transloucada e disfarçada de amor abandonado, seja por meu egoísmo que não lhe permite ser feliz sem eu estar ao seu lado. Vai e seja feliz.
Vai se construir enquanto mulher, cidadã e sujeito neste mundo que é ou deveria ser de todos nós. Vá!
Não caia nas minhas armadilhas e nem crie armadilhas forjadas pela sua insegurança que ao longo do tempo (ou vida-juntos) não lhe ajudei a se desvencilhar dela.
Não tome decisões baseadas na sua família que irá lhe punir com indiferença, rejeição, rancor, intolerância. Tanto desafeto que paira uma determinada insanidade. Tudo isso porque não te controlam mais. É uma visão de mundo muitíssimo limitada. Este não é mais seu mundo, ou não é mundo que quer construir. E ainda sobre família e mundo, somos nós nas nossas iniciativas e vicissitudes que transformamos o mundo. Se não for assim, suponho que num momento a frente iremos reproduzir a mesma coisa com nossos filhos, se é que teremos. Não é isso que eu quero.
Não abandono o mundo e crio outro, mas sim permaneço nele e transformo-o. Transformando-me gradativamente, um dia de cada vez.
É lamentável que durante estes anos não me dei a oportunidade, ao menos de “tentar” entender o seu mundo das idéias e talvez, adaptar-me a ele.
É fácil e confortável apontar todos os dissabores que talvez vá passar. Mas aproveitando este momento o qual fui invadido por um ímpeto de reconhecer que não tenho o direito de deixar qualquer pessoa de impedir-lhe que construa a sua vida. E desta forma, não farei tais apontamentos e especulações, isso é um ato covarde, já chega disto. E além do mais nunca sequer sonhei. Te confesso, nunca desejei intensamente sair deste uterino local de conforto. Aqui eu tenho tudo o que eu preciso, tenho mulher, emprego, veículo, família, colegas e amigos. Tenho a cidade aos meus pés, e o que eu não posso fazer alguém há de fazer por mim. Enfim, não tenho a necessidade de sair, e conhecer outros saberes, lugares, pessoas etc.
Mas você não, se é que existe esta coisa de destino, ele sempre lhe chamando pra sair, sair de dentro do “ovo”, tirar a cabeça de dentro da terra. O destino, por vezes já te deu uma nau para navegar por outros oceanos e redescobrir-se. Até agora seu diário de bordo, é repleto de viagens canceladas. E sua nau hoje está encalhada nesta baía de água calma e falsamente límpida e feliz.
Vá! E acredite em você, acredite nos seus sentimentos e intuições. Tenha medo, mas não fique imóvel como que estivesse hipnotizada por uma serpente encantada. Vá em frente! Torne-se o que quer e o que poucas mulheres ainda não conseguem, goze, mas goze na vida (não só na cama). A questão não é falta de coragem, isso você tem (eu não consegui lhe furtar!), a questão é seja uma mulher de verdade. E não de ouvidos a muxoxos, pragas, ameaças, mumunhas, choros, desmaios, diarréias e demais sórdidos joguinhos de chantagens e terrorismos emocionais, principalmente os meus.
Então vá!
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