Vanguardeando Blog

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sábado, 2 de outubro de 2010

Carta Aberta

Recentemente recebi um e-mail da Federação de Skateboard do Estado do Rio de Janeiro (FASERJ) assinado por seu atual Presidente. O e-mail me solicitava votos para determinados candidatos, segue minha resposta em carta aberta:

Estimado André Viana

Compreendi a sua intenção em tom de esclarecimento sobre a relevância que se faz o ato de votar e termos meios concretos de mantermos os interesses primordiais dos skatistas representados e defendidos.
Não obstante, cabe ressaltar o destaque cívico que você deu a orientar os skatistas na continuidade do exercício da sua cidadania, para votar nos representantes que de alguma forma tenham realmente meios de fazer o que se propõe principalmente no que concerne a prática do skate.
Admiro como sempre, admirei, “sinceramente”, sua intelectualidade e seu “visionismo” com relação ao skateboarding. Para isso, reconheci, a priori, sua experiência que foi construída ao longo da sua intrínseca relação com o todo do skate (praticantes, pistas, indústria, comércio e o Estado).
Ainda, creio na sua habilidade enquanto gestor para assuntos administrativos sendo estes da iniciativa pública ou privada.
Sou plenamente de acordo com o desenvolvimento de uma organização construída por skatistas através de uma entidade que venha fundamentar e concretizar suas metas e também seus sonhos.
Por um viés materialista histórico é entendível e aceitável, a superação organizacional que o skateboarding sofreu desde sua gênese. E também é reconhecível toda influência capitalista que o abarcou durante seu “desenvolvimento”.
Creio nas possibilidades construídas pelas entidades representativas, compostas por skatistas que pensam o skate para além das pistas de skate e do lucro (em forma de capital ou status quo) que obrigatoriamente tem que receber. Uma entidade que tenha meios de dialogar não só com os skatistas. Todavia, que dialoguem coerentemente com todos os setores que em nossa contemporaneidade se fazem presentes, e muitas vezes dentro da lógica do sistema capitalista, quase indissociável.
Porém, só não me é palatável e aceitável, quiçá por um princípio ético e não simplesmente moral, utilizar a FASERJ para fazer campanha política partidária. Mesmo que estatutariamente não seja impedida disto.
Acredito que com toda sua forte compleição intelectual e sua vasta visão de mundo progressista, há de ter fundamentação prática e teórica para tratar de temas como este utilizando um outro método.
Eu, Brunno Amâncio, enquanto skatista cidadão interpreto o método que se desvelou como jocoso e inapropriado.
A problemática que se revela, na minha análise, é um grave erro de método, que pode dar margens a uma interpretação que finda com a seguinte conclusão: é e foi um ato oportunista e panfletário.
O que se manifesta em evidência é o seu presidente apoiando tais candidatos, por meio da FASERJ.
E desta forma, acaba colaborando com os limitados e equivocados discursos vigentes, que denigrem a concepção sobre o que é política. E de contrabando, encerra com a dialética da sua intenção maior que é dar continuidade a um projeto de valorização do skate e do skatista enquanto atleta e cidadão realmente atuante, um sujeito ainda mais consciente e fundamentado sobre a relevância dos seus próprios pensamentos e ações.
Em tempo, creio nas múltiplas possibilidades que se tem hoje, não só em período eleitoral, para construir e realizar iniciativas que visem uma investigação sobre o processo de construção de identidade, sujeito e cidadania. Que numa análise filosófica pedagógica estão intrinsecamente relacionadas.
Não é cabível e aceitável hoje utilizar determinadas ferramentas e meios de comunicação e para divulgar uma questão menor como a candidatura. Sim, é válido não poupar esforços e trabalhos para uma questão maior. A saber, por exemplo, o que significa estar numa sociedade organizada como esta e como se sentir atuante nela como protagonista e não como mero coadjuvante.
Creio inequivocadamente que este erro primário e infantil, de atrelar a FASERJ a uma campanha político partidária, não há de se repetir. Ao menos por ignorância.
Brunno Amâncio Marcos (skatista)
Graduando em Filosofia pela Universidade Federal Fluminense (UFF)


Obs.: Eu tenho meus os candidatos e sou filiado a um partido político que trabalha na construção para a realização de um outro projeto de "sociedade". A saber, sou PSOL.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010